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As 5 principais queixas das mulheres aos dermatologistas

Carolina Lins
Carolina Lins
03 Abr 2023
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As 5 principais queixas das mulheres aos dermatologistas

De acordo com o dermatologista Heitor Gonçalves, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), queixas relacionadas ao envelhecimento cutâneo estão em quinto lugar entre os principais motivos que levam as mulheres adultas ao consultório dos médicos da sua especialidade. Confira o ranking:

1) Queda de cabelo
A principal queixa das brasileiras nos consultórios dos dermatologistas é a alopecia, um termo genérico para queda de cabelo.

As alopecias dividem-se em dois grupos: as não cicatriciais, com possibilidade de recuperação do fio perdido, e as cicatriciais, relacionadas à perda permanente das madeixas.

Calcula-se que 98% das causas de alopecia sejam não cicatriciais. Nesse grupo, a causa mais comum é o eflúvio telógeno, uma condição em que a pessoa tem uma queda capilar fora do normal, isto é, acima de 100 fios por dia. Gatilhos frequentes para o eflúvio telógeno são picos de estresse, infecções (como covid-19), parto e menstruação abundante. Dois meses depois do evento, o cabelo começa a cair.

Outra causa comum é a alopecia androgenética, popularmente conhecida como calvície. “Ao contrário do que se pensa, ela não se dá só em homem, mas em mulher também”, diz Heitor Gonçalves.

A calvície é provocada por uma sensibilidade aumentada à testosterona e a um fator genético. O problema se acentua na menopausa, devido a uma diminuição do estrógeno, o chamado hormônio feminino.

Talvez tão frequente quanto a calvície seja a queda de cabelo causada por agentes químicos. “O uso de produtos alisantes ou à base de formol podem fazer os fios caírem em tufos. Fica aquele clarão no couro cabeludo”, afirma o presidente da SBD.

Em todos os casos, o principal tratamento é o uso do minoxidil, tanto tópico quanto oral. Originariamente usado para hipertensão arterial, esse medicamento estimula o crescimento e melhora a qualidade do fio.

2) Coceira
A segunda queixa mais frequente aos dermatologistas é a coceira. Heitor Gonçalves explica que, em mulheres adultas, o incômodo costuma ser causado por reações a medicamentos, contato (como bijuterias) ou alergias em geral.

O prurido é também um sintoma de dermatite atópica, um transtorno que pode ser tão intenso e persistente a ponto de a pessoa não conseguir dormir.

Outra causa frequente de coceira são as doenças infecciosas como a escabiose, também conhecida como sarna. O parasita Sarcoptes scabie é transmitido de pessoa para pessoa e, mais raramente, a partir do contato com um animal.

Por fim, Heitor Gonçalves cita o prurido como um sintoma da xerose cutânea, um termo médico para pele ressecada. A manifestação é comum na menopausa, em mulheres que tiveram dermatite atópica na infância.

O tratamento, esclarece o dermatologista, depende da causa. Para as reações alérgicas, o primeiro passo é tirar o paciente do quadro agudo, por meio de medicamentos como corticoides e antialérgicos. Além disso, é fundamental identificar o elemento que disparou a crise, como um remédio ou uma bijuteria, e afastá-lo do paciente.

Para escabiose são utilizadas drogas antiparasitárias, como a ivermectina, enquanto a dermatite atópica é medicada com imunossupressores, orais ou injetáveis.

Já para a xerose cutânea, a recomendação é aplicar hidratantes, ingerir bastante líquido e evitar o uso de muito sabonete, principalmente nas áreas de mais extensão, como braços e pernas.

3) Acne
A acne é uma das doenças de pele mais comuns que existem. Ela pode ocorrer em qualquer idade, mas na maioria das vezes se manifesta em adolescentes e jovens adultas.

Sua principal causa é uma sensibilidade da pessoa ao hormônio masculino testosterona, presente também em mulheres. A doença também pode ser causada por medicamentos, como corticoides, e pelo uso excessivo de produtos oleosos na face.

Heitor Gonçalves explica que a acne tem diferentes graus: leve, moderada e severa. A mais branda manifesta somente comedões, popularmente conhecidos como cravos, enquanto a mais grave forma nódulos, que o leigo chama de tumor.

O tratamento da doença inclui a limpeza com um sabonete para pele oleosa e uso de medicamentos tópicos com anti-inflamatórios e antibióticos. “O principal remédio é a isotretinoína, que chega a curar 75% dos casos em um ciclo de seis a nove meses”, diz o presidente da SBD. Em alguns casos, o tratamento pode ser à base de hormônios.

4) Lesão suspeita de câncer de pele
O câncer de pele não melanoma é o mais comum no Brasil. Para 2022, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima 220.490 novos casos da doença, sendo 118.570 em mulheres. Não dá para bobear.

“Aquela feridinha que não cicatriza há um, dois, três, quatro, cinco meses é um sinal amarelo para o câncer de pele não melanoma”, diz Heitor Gonçalves. O risco é maior principalmente para pessoas que se expuseram muito ao sol por lazer ou a trabalho sem proteção solar.

Outra lesão que precisa ser investigada é a pinta que, de repente, começa a crescer ou mudar de cor. Ou ela era redonda e fica com as bordas irregulares. Ou então ela passa a coçar ou a sangrar. A gente liga o sinal amarelo para a possibilidade de ser um tipo de câncer de pele chamado melanoma
— Heitor Gonçalves, dermatologista
Para 2022, o Inca estima 8.980 novos casos de melanoma, sendo 4.340 mulheres. Ele representa apenas 3% das neoplasias malignas da pele. No entanto, é o tipo mais grave, em função da sua alta possibilidade de provocar metástase, isto é, disseminação do câncer para outros órgãos.

A biópsia é fundamental para o diagnóstico da doença. Em grande parte dos casos, o tratamento é cirúrgico, embora também existam medicamentos tópicos para as lesões. Dependendo do estágio do câncer, radioterapia e quimioterapia são utilizadas no tratamento.

No entanto, o melhor remédio para o câncer de pele é a prevenção. “O grande vilão do câncer de pele é o sol. Não faz sentido proibir um brasileiro de ir à praia. Esse é o lazer mais socializante e acessível num país tropical como o nosso. Mas é importante ter um comportamento inteligente”, afirma o dermatologista.

As recomendações do Inca são:

evitar exposição prolongada ao sol entre 10h e 16h
Procurar lugares com sombra
Usar proteção adequada, como roupas, bonés ou chapéus de abas largas, óculos escuros com proteção UV, sombrinhas e barracas
Aplicar na pele, antes de se expor ao sol, filtro (protetor) solar com fator de proteção 15, no mínimo
Usar filtro solar próprio para os lábios.

“A medida mais importante é usar o protetor solar. Ficar no sol sem proteção é um hábito de 50 anos atrás, quando as pessoas queriam se bronzear. Esse ato vai gerar uma queimadura com bolhas, na fase aguda, e câncer de pele na fase crônica. E junto com a queimadura vem o bronzeamento, que gera o quê? O envelhecimento precoce da pele”, aponta o presidente da SBD.

Heitor Gonçalves condena também o bronzeamento artificial: “Ele é o grande responsável pelo envelhecimento precoce da pele e está relacionado ao melanoma. Sem supervisão médica, a prática é totalmente contraindicada por nós, dermatologistas”.

5) Envelhecimento e manchas
Em quinto lugar, estão as queixas relacionadas a manchas e ao envelhecimento cutâneo, como rugas de expressão e flacidez.

“O tratamento das rugas pode ser iniciado com produtos tópicos à base de ácido retinóico e, a partir daí, seguir com outros procedimentos”, diz o dermatologista.

Para rugas de expressão na testa, entre as sobrancelhas e na área do famoso pé de galinha dos olhos, a recomendação é a toxina botulínica. Já os sulcos que descem do nariz ao canto da boca, conhecidos como bigode chinês, podem ser atenuados com o preenchimento cutâneo.

Diversas outras técnicas ajudam a melhorar o aspecto de flacidez, entre elas produtos químicos que estimulam a formação de colágeno, peelings químicos, laser e ultrassom microfocado.

Já o melasma, explica Heitor Gonçalves, é uma doença metabólica que causa um excesso de produção de melanina. O distúrbio resulta na formação de manchas amarronzadas de formato irregular na face.

As manchas podem ser desencadeadas pelo uso de anticoncepcional ou pela gravidez, por exemplo. Por se tratar de um erro metabólico, o melasma não tem cura. “A pessoa sempre vai ter que fazer o acompanhamento médico para evitar as recidivas ou tratar precocemente as manchas quando elas estiverem voltando”, aponta o dermatologista.

O melasma pode ser tratado de maneira oral ou tópica, com creme à base de hidroquinona e ácido retinóico. O presidente da SBD não recomenda peelings químicos e laser para atenuar as manchas. “Eles têm um custo mais alto e basicamente a mesma eficácia do tratamento tópico e oral”, diz ele.

Fonte: Revista Marie Claire